31 julho 2007

[ antes que termine o dia ]

São os detalhes.
A fabricação de rotinas importantes que não cansam, pelo contrário, reativa diversos outros sentimentos. O reverso do tédio involuntário.
São os gestos.
Os pequenos, os atos mínimos que somatizam e dão equilibrio a algum lugar do (in)consciente.

O bom dia respondido mecanicamente com o rosto enfiado no jornal.
Os olhos encarando costas largas que não se movem até que o dia volte a nascer.
Os braços que não se encontram quando viagens acabam.
As datas esquecidas que passam e são marcadas apenas como reuniões no calendário.

São os enigmas.
As dicas que não são entendidas. O olho no olho que parte apenas de um e vai para o além. Complemento incerto do que foi pensado e apreendido. Derivação incoerente de convivência. Crise de relacionamento.
...

[ Seus olhares são certeiros demais, mas sempre me erram. ]

Há uma coerência estúpida em certas afirmações... "a vida é uma caixinha de surpresa..."clichê ambivalente que descreve o que acontece depois... e há sempre um antes... ambos quase sempre são favoráveis para um único fator, e este é sempre ímpar... Mas basta um telefonema, apenas um. Um "beijo e até mais" expontâneo (quando não mecânico) antes do seu e o dia mostra um sol que na verdade não existe porque faz cinco graus lá fora.

Cadê o entusiasmo? Saio todos os dias com ele na mão ou pendurado no bolso do casaco enquanto você esquece ele no molentom em cima da cama?
Onde você largou as promessas de reconquista diária e rotina a nosso favor? foram junto com embalagens de lubrificante e garrafas de vinho branco?

Não. Eu tento... continuarei tentando... mas até quando nossos "carinhos" serão detalhes para você? desde quando você parou de se importar?...
Teremos tempo para redescobrir o que poderia ser aproveitado ontem?
Estarei aqui para dizer que valeu a pena esperar?
...

Acho o tempo muito precioso... não creio que ele espere por arrependimentos.

"Vem cá me dar um abraço bom
como a despedida de quem sabe que volta um dia."
[ Noite Clara - Ludov ]
ps: Título para Ilka <3

9 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Seria menos espantoso se eu houvesse escrito meu último post depois de ter lido o seu... interpretei-o à revelia...rs
Viva Pessoa! Ganhou mais uma visitante.
Bjm

bagatella disse...

Adorei a primeira parte.. "o reverso do tédio involuntário", "os atos mínimos que somatizam e dão equilibrio a algum lugar do (in)consciente", "São os enigmas.
As dicas que não são entendidas"... Os detalhes que passam de detalhes; "os detalhes", muitas vezes, é o que há de mais importante.
"A vida é uma caixinha de surpesas", acho q sempre foi assim, mas as surpresas sempre superam nossas expectativas e cada vez toma um lugar mais forte nas nossas percepções.

Obrigada pelo título... ainda penso no "antes que termine o dia" de uma forma mais ampla, e penso todos os dias em tudo o que conversamos.

Muitas saudades, amo imensamente!
<3

bagatella disse...

Sim, meu amor! Eu sou Bagatella...hihi
Notei q vc confundiu, mas fui bem chatinha e resolvi não falar diretamente, nem no meu último comentário... apesar das "charadas" ou "enigmas", reconheceria ou vc teria achado que me apropriei da dedicatória à outra pessoa, a Ilka!
Nem queria identificação... na verdade foi só um escape... ^^

Nossa, nem tenho como descrever o que senti com a imagem que vc colocou. Expressou solidão, vontade de estar perto, vontade de envolver o braço num abraço - não um qualquer. Entende? Acho que para cada fragmento caberia muitos comentários... Uma coisa que achei interessante (outra coisa...), é que posso ligar o que estávamos conversando com toda a imagem que percebemos e a vida real, a minha, a sua... e além-texto, sentir e se emocionar pela arte-vida. Sabe? É meio complexo pra explicar, mas posso dizer que é intenso.

Olha, em breve estaremos 'adoçando nossos braços' num imenso abraço. Estou me movimentando pra juntar além da alma, o corpo, no seu abraço. (:
Consigo sentir meu próprio sal em pensar em estar perto novamente. Um dia, se apenas um dia eu tiver, será perfeito para mim.

Amo você.

be-atriz disse...

amo detlahes, todos eles, cada um. não vê-los é como correr os olhos na obra de arte mais encantadora que assim é adjetivada por ser um conjunto de pequenos detalhes - pingos de cores na tela antes branca.

o que seria de nós se não fossem os detalhes? aqueles pequenos e infintos detalhes...

Anônimo disse...

Você é um poço de gentilezas, e eu espero que você recebas sempre meus comentários como "um abraço bom como a despedida de quem sabe que volta um dia".
Eu te gosto, gosto do que escreves e quando crescer quero escrever feito tu.
Concordo que o tempo é muito precioso, ele não espera por arrependimentos mesmo! Os arrependimentos são só pra não repetir erros, pra mais nada servem, talvez para pedir desculpas...não sou bom em pedir desculpas, deixa assim. Pena que o coração é burro, dai nesse tema, não há o que fazer, apenas resta viver como se nunca fosse se arrepender.
Sabe que teu blog é um dos cinco que eu sempre volto? Te cuida! Bjo.

Menina Lunar disse...

O tempo é precioso demais mesmo. Seria uma maravilha se todos nós soubéssemos utilizá-lo da melhor maneira...

=]

Excelente o texto, adoro vir aqui...
Beijo grande!!

FOXX disse...

mta saudade de vc

Filipe Ferreira disse...

Aqui estou para pagar minha d�vida. Come�o, entretanto, por dizer que n�o hesitaria em declarar morat�ria se n�o tivesse me sentido minimamente inclinado a comentar o que voc� escreveu.
E estou inclinado.
Come�o, ent�o, por dizer que n�o sei se entendi o que voc� escreveu e o que o que me d� alguma seguran�a para comentar seu texto � justamente o fato de voc� o ter publicado - ele j� n�o � mais seu e est� sujeito �s minhas percep�es, por tortas que possam ser.
Parece-me que voc� entende o exerc�cio da conquista como algo que se faz diariamente. Concordo com isso. Acho sim que um relacionamento - amizade, namoro, casamento etc - s� se mant�m mediante aten�o di�ria e detida, cuidado e respeito.
Infelizmente, n�o percebemos a import�ncia do que temos at� o momento em que j� n�o temos. Esse � um grande clich� que � t�o verdadeiro quanto "a vida � uma caixa de surpresas". Os clich�s �s vezes est�o corretos, por menos que se queira admitir.
No mais, sua sintaxe me desconserta.
Espero ler mais por aqui.
Abra�os.