06 novembro 2006

# Segunda - Feira (luz dos olhos)

Orgulho e Preconceito de Joe Wright
Não sou poeta!
nada que me sai dos dedos é poesia. Sequer saem-me nada dos dedos, nem mesmo possuo dedos.
Não me peçam versos alexandrinos, se quiserem versos brancos fartem-se com folhas de sufite, olhem contra a luz a poesia implícita no branco pré-impresso.
Não sou poeta, sou quase humano, quero ser poesia!
Não quero falar coisas belas, quero invejar Narciso.
Não quero ser corações partidos, quero partí-los.
Quero erguer mais do que uma esferográfica na mão direita, quero ser a caveira erguida de Sheakspeare e chocar a todos sendo ou não sendo, mas que haja sempre uma questão.
Quero ser musicado. Quero que briguem por minha posse, provem minha autoria. Quero sair de um e ser de todos.
Quero que me interpretem mesmo que nunca sejam exatos; quero que me chamem irônico ao chorarem comigo, que se assemelhem a mim, que me tomem como seus... mas sempre serei independente a isso.
Quero virar hino!
Ser declamado no final de uma homenagem, ser simbólico e demodê. Ser citado no Oscar e reconhecido em Cannes.
Quero abrir a novela das oito em Lá menor e permanecer como a única coisa boa da mesma.
Tornar-me universal.
Quero deixar de ser eu e tornar-me poesia, variar de utopia a realista.
Ser poesia e só.
Ser poesia em pó...
"Não sei o que em mim só quer me lembrar
que um dia o céu reuniu-se à terra um instante por nós dois, pouco antes de o ocidente se assombrar... no dia em que fui mais feliz..."
[ Inverno - Adriana Calcanhotto ]

2 comentários:

Anônimo disse...

Isso foi uma metáfora? Se não eu tenho de te perguntar: vc ja morou na Bahia?

Querido vc é um poeta, de versos brancos e de todas as cores.

Anônimo disse...

Tá no caminho certo amiguinho! Abraço do Tônio