27 novembro 2006

# Segunda - Feira (Todo dia...)

Estava encostado alí... naquele mesmo lugar que sorri sem perceber que me observavam. Os álibis sussurrados de Djavan saiam de alguma vitrola antiga... mas se fez perceber de longe. O dia estava quente mas a chuva continuava caindo como se não importassem os passos molhados e apressados que andavam de cabeça baixa na rua Alagoas. Parei no sinal e comprei pipoca doce... me encolhi confortavelmente numa banca e me cobri com arnaldo antunes na capa de uma revista... procurava meu pedacinho de frio, um conforto remasterizado, uma informalidade com minha própria sombra. Passei o resto da tarde procurando esse pedaço de mim que havia esquecido em algum lugar do eu que não sou eu, mas que faz parte de mim, ao menos de um todo (quase) indivisível. Sentei num barzinho e fiz-me rir de tudo, do que não importava e daquilo que só criava certa graça depois de alguns copos de cerveja escura e calças desabotoadas... eu estava me divertindo, de fato.

A noite continuava quente, e nada esfriaria aquela "vontade de viver" que o bar e seu ambiente me dera. Tornei-me um clichê de falas e gestos. Músicas que ninguém mais toca (tampouco ouve ou lembra), palavras que ninguém na terra da garoa conhece, gestos que negam minha rotina mas que me formam.


Como Marisa, "mesmo triste eu estava feliz"... e fiquei assim o resto do dia que já não era dia, na madrugada que lembrava a noite passada e tantas outras noites que não passaram. Usando referências musicais e melodias inventadas por mim, adormeci sem sonhar... isso eu já faço bem acordado.

"Debaixo d'água tudo era mais bonito, mais azul, mais colorido
só faltava respirar... todo dia... todo dia."
[ Debaixo d'água - Maria Bethânia ]

Nenhum comentário: