15 dezembro 2006

# Sexta - Feira (De tudo quase...)

Gostava de pisar nas folhas secas apenas para sentir aquela sensação de fragilidade sob meus pés... era perigoso mas não podia evitar o prazer que sentia com o som de sonhos se quebrando com o pisar de meus passos apressados.
Era intenso e eu morria de medo, íntimo demais para ser visto mordendo os lábios e com a mão em terra molhada. Parecia não estar lá... era como não existir, como deixar de ser e passar a observar tudo de longe, com um carinho digno de mãe... você, o recém nascido.

Amanhece e ainda estou com os olhos fechados por não saber como abrí-los. Havia correspondência em minha porta noite passada, mas ignorei e atravessei o vão aceso que me esperava do outro lado... era apenas a lua invadindo minha sala, assim, como se não pertencesse a ninguém, como se a casa fosse dela, como seu eu fosse a visita esperando no hall.
Sentei-me à mesa e folheei o jornal de domingo... hoje terça, amanhã não se sabe... sábado, talvez.
Era madrugada de noite nenhuma, fazia frio e estava seco... iluminado, mas seco. Deixei o leite esfriar e acabei bebendo água, dei de alimento aos peixes aquela nata exposta em caneca de loça. Foi um mar de sensações ouvir o borbulhar da água quente escorrendo da chaleira... algo escaldando por dentro, fervendo meu organismo, fazendo suar meu abdômen, tremer minhas pernas... era como não sentir as mãos enquanto as mesmas percorriam uma superficie de pelos e pele até então desconhecidos... apreciados com calma, com coerência... com uma espécie de consciência inconsciente. Incosequência de olhares dirigidos com o objetivo de ser, de pedir e receber o que dois querem e nenhum corpo se atreve a recusar.
(...)
Ainda a lua... a tua boca nua despindo meu corpo, mudando de pele, me fazendo outro, me tornando novo, intenso... despindo a ironia dos dias iguais, rasgando a dor de momentos nada casuais, de silêncios angustiados e entendidos e guardados e antigos e... apagando as marcas de unha das semanas passadas que pareciam não passar, que parecem se repetir, que prefiro esquecer... que esqueci pela manhã.
(...)

Ainda o jornal na porta da frente, o lixo na porta dos fundos, a toalha no chão do banheiro, a roupa usada no carpete, o gozo no latex... a paz... a calma, o sim no rosto, o não pensar, o estar... o sem querer. Aquele momento que se repete todo dia quando se fecha os olhos e esquece que precisa abrí-los e provar um pouco da realidade, que é necessário "respirar todo dia"...
O sorriso do antes, a respiração disritmada, o braço no abraço, o rosto no peito...
(...)
Um filme, uma história que se conta e que se faz acreditar, um sonho, uma chuva que faz rir e querer se molhar para poder confundir as lágrimas da "maldita felicidade" com a tempestade de Oya... são todos os sentimentos se confundindo e se misturando em um único sorriso. Dois sentidos de sentido algum, derivados de um verbo, dando importância a cada substantivo...

... ser onírico...
... ser abstrato... sensato...
... ser... sonhar... realizar...
... criar!


"Tá tudo aceso em mim
Tá tudo assim tão claro
Tá tudo brilhando em mim
Tudo ligado...
...Tudo plugado
Tudo me ardendo
Tá tudo assim queimando em mim
Como salva de fogos
Desde que sim eu vim
Morar nos seus olhos..."
[ Âmbar de Adriana Calcanhotto por Maria Bethânia ]

4 comentários:

Anônimo disse...

Oi querido, adorei como ficou o blog, muito obrigado mesmo. Te adoro, feliz natal antecipado. Ah pq nunca mais vc apareceu no msn? To com saudades.
Beijos

Anônimo disse...

Oi garoto, cada dia melhor você eim?! cada coisa boa neste teu texto. Obrigado por me tocar, me fazer sentir, assim, apenas sendo você. Bjo do Tônio.

Anônimo disse...

tem surpresa pra ti no meu blog.

Anônimo disse...

Oi Querido!! Onde vc tá que não atualiza mais esse blog nem aparece no msn? To com saudade.
Feliz 2007!!!
Te adoro!!!