10 janeiro 2007

# Quarta - feira (ínicio)

Delicada Atração de Hettie MacDonald

Voltei ao que foi esquecido naquela esquina que passei antes de tornar-me exemplo do que não volta, daquilo que some e sopra em direção a cegueira dos olhos de alguém.
Virei poeira...
Voltei para algo que ainda não consigo tocar, tampouco entendo ou visualizo, mas que está lá... aqui... em algum lugar do Eu que realmente deveria importar mas não se respeita nem sabe como fazê-lo.
Sou a peneira...
Voltei para errar novamente e rir dos perfeitos. Ser alheio ao circo montado todos os dias pela futilidade cotidiana de quem insiste em acordar e simplesmente abrir os olhos.
Sou apenas os passos...
Voltei para mentir afirmando esquecer o que é marca, o que sufoca e satisfaz. Voltei sem querer. Voltei não por ter ido, mas por nunca ter saído desta esquina, dessas letras garrafais, destes verbos que me escondem, destes substantivos que me limitam, dos adjetivos que me descrevem.
Sou a interjeição...
Voltei sem rimas, sem conceitos... com soluções prontas e imediatas... até algo dar errado. Voltei convicto, mas ainda me falta acreditar nisso.
Sou a contradição...
Voltei apenas com a dúvida do que fazer primeiro... voltei sem fazer nada e decidi não ser, pois sendo e apenas sendo é que precisarei da dúvida.
Sou as entrelinhas...
... avesso ao branco e presente nele como marca, estampa caricaturada com um rosto simples e delicado, como crianças que se atraem, como o amor que não escolhe colchão, apenas deita de costas para o abajur.
[ Ninguém - Pato Fu ]

2 comentários:

Anônimo disse...

Li e me pareceu ficção de novo. Mas agora lendo com o que vc me disse em mente, tenho uma visão diferente é quase uma vertigem.
Beijos

Anônimo disse...

Fingidor? Não, eu não acredito.

Você é algo que talvez, e somente talvez, ainda não foi rotulado... Mas quem precisa de rótulos, afinal?

Incrível como suas palavras escritas conseguem se transformar em minhas palavras ocultas.

Um forte abraço. Uma forte saudade.