25 fevereiro 2010

Meu Verbo


"(...) Por isso, qualquer sentimento é bem vindo, mesmo que não seja uma euforia, um gozo, um entusiasmo, mesmo que seja uma melancolia.
Sentir é um verbo que se conjuga para dentro, ao contrário do fazer, que é conjugado para fora.
Sentir alimenta, sentir ensina, sentir aquieta.
Fazer é muito barulhento."

Retirado do conto "A Alegria na Tristeza" de Martha Medeiros.

De todos os sentimentos que eu poderia nutrir por você
esse que sinto
é o único que não sei nomear.
Ele vem marcado com alguma espécie de signo que não sei decifrar como um touro prestes a arrebatar algum lugar aqui dentro e eu não consigo domá-lo...
Vem vestindo um jeans claro e camisa verde oliva, barba feita mas que já me arranha o queixo num bom dia, rosto fechado mas um sorriso aberto em minha caixa de entrada. Quantas contradições... tanto mel em banho maria que meu rosto se confunde em sim e não... talvez, é o que me alimenta durante o dia.

O resto é o inesperado...
...caixinha de surpresa, poesia em papel de bala.

Sua esferográfica rabiscou qualquer coisa em meu braço e desde ontem não quer sair... e esse ontem já faz tanto tempo que penso ter sido proposital esse grafite injusto que marca e não fica, pois já não consigo acompanhar seus pés com meus olhos.

Mas marcou... gado sem rumo e sem rebanho... ovelha desgarrada por um braço qualquer que ninguém sabe o nome, mas que sua voz continua a me confidenciar num vento discreto.
"Sua"... e de quem é esse pronome? quem é o dono da voz e dos verbos que me conjugam as vontades e assumem as diretrizes dos meus desejos?

Quem...
Onde...
Como...
Por que...

Clichês que precisamos para nos situarmos no mundo... ou apenas numa situação.
E eu que desejava apenas chão sob meus.

Um comentário:

Anônimo disse...

Gostei das imagens que vi enquanto lia o texto e viajava para não-sei-onde...

Parabéns pelo blogue e um abraço.