11 maio 2008

[ Anti-horário ]

Gilmore Girls - 5ª Temporada

Não é pelo doce... tão pouco seria pelo azedume de nossas conversas, mas pelo que acontece no depois.
Naquele exato momento em que você sai e me deixa falando com suas costas e sua camisa amassada. Um pouco mais de cor não faria dela menos inexpressiva do que se demonstra para mim todas as vezes que essa história se repete.
[ Mas é o que acontece depois. ]
Esse depois que vive presente nos instantes em que estamos cara a cara com o outro, outra pessoa, seres diferentes de nós e de nossos rostos, olhares diferente. Frente de nossos espelhos quebrados.
Somos deficientes quando nos encontramos distantes.
Somos vaidosos quando juntos.
Temos um ego imenso entre nós, e achamos tudo isso normal.
"Mentiras sinceras me interessam", você diria. E eu, talvez, concordaria com sua arrogância.
"Hoje eu tive um pesadelo", eu afirmaria. E você, como sempre, viria me acalmar.
[ Mas só acontece depois. ]
No dia em que não estamos felizes e tudo em volta parece estar contra nós. Não nós dois, apenas nós. Cada um em seu lugar, no seu canto. O "nós" na primeira do singular. Ímpar.
Depois falamos em química e ouvimos jazz. Comemos os farelos dos biscoitos de ontem e tomamos aquele vinho bom que estava guardado para ocasiões especiais. Você se encontra em meus olhos e me pede um beijo. Seguro sua cabeça e apenas a deito em meu colo.
Você fecha os olhos e, sem eu precisar responder, você entende...
[ E acontece o depois. ]

Aquele depois em que acordo com frio e você me empresta o cobertor que dispensei na noite passada. Viro pro lado, você me abraça e me envolve com os pés, sussura qualquer coisa em meu ouvido e eu apenas digo não saber o que dizer. Mesmo de costa sinto o seu sorriso em minha nunca e adormeço com seu peso em meus ombros.
[ O depois. ]
Dia preguiçoso. Cama vazia de um lado, edredon jogado do outro. Olhos grudados e um bilhete discreto no lençol:
"Desculpe mas somos assim. Funcionamos bem nos encontros e nossos durantes são maravilhosos, mas o depois nunca foi o nosso forte. Você reclama e eu nunca pareço satisfeito. Somos diferentes demais em nossas semelhanças... e não o contrário. Eu te amo e sei que ouviria um "idem" se te dissesse isso. Vamos apenas deixar o frio chegar e esperar outra oportunidade de tomar um bom vinho, tá bom?!
Beijos e por favor não me ligue."

... no celular o relógio marcava 11:43... olhou o ventilador de teto girar mais um pouco e pensou que a partir daquele dia seguiria um sentido oposto. Anti-horário talvez.

[ *breve mudanças no blog. ]

3 comentários:

FOXX disse...

sabia q vc é meu ídolo?

Filipe Ferreira disse...

É uma lástima que só agora eu tenha resolvido reaparecer por aqui.
Mas reapareci; é o que importa, eu acho.
Gostei do texto e vou te linkar no meu blog...
Você tem um olho clínico para situações de cotidiano.
beijo

Escrevendo pra esquecer disse...

Pensei que não iria mais ver tuas lindas linhas, fico feliz que tenha voltado, sempre é bom ter por "perto" alguém com quem se identifique. Que bom, que bom, sinto menos órfão agora. Beijo.