01 janeiro 2009

Um Bom Número

E o mar me assistiu um pouco mais de longe dessa vez.
Fiquei com meus dedos, minhas palavras presas neles, e sem muita vontade de sair. Não, não era falta de vontade.
Disposição.
Então pus as mãos nos bolsos e guardei essas palavras junto aos meus lenços de papel.

(...)

Fogos de artíficio, velas acesas, algumas mensagens quase que sem destino e uma persiana que, vez em quando, me chamava a atenção por parecer que apenas o vento não era capaz de lhe dar tal movimento... na incerteza, aceitei a companhia mesmo assim.
Foram rostos, abraços, mãos, pele, olhos... quantos olhos... todos desenhados em luzes elaboradas demais para me convencer serem reais.
E eram.
Em algum lugar, que não assim tão perto a ponto de verem meus olhos inchados, mas em algum lugar eram reais. Talvez mais próximos da praia do que eu... talvez dentro do mar... em altas montanhas, cachoeiras, matas... qualquer lugar que não aqui. Aqui onde dói a dor de um mundo. Meu mundo. O mundo deles... tão meu e ainda assim tão deles.
Os minutos foram passando e a medida que as luzes cessavam eu ia diminuindo na janela, como se naquela noite eu pudesse deixar de ser por nada mais que isso, uma noite.
E deixei.
Nessa noite eu fui Edward num livro tolo e adolescente... mas fui também alguém sem nome, como deveria ser, nem Caolho nem Óculos Escuros... através da música me inseri nos anos 60, 70, 80, mas parei antes que tudo começasse a ficar realmente familiar para mim.
Fui jogador de futebol, dono de bar... e quase me juntei Àqueles Dois, mas decidi por não maltratar meus olhos.
...
E adormeci... e o ano pareceu o mesmo... talvez pela ausência de Morpheus... talvez pela minha persistência em não ser...
(...)

E meu ano começou sem um dia.
Aquele que dizem ser o primeiro.
Mas sempre achei dois um bom número...

Um comentário:

Escrevendo pra esquecer disse...

Vamos comprar um cofre, guardar nossas calçadas e sair por ai, sem tempo, destino e pretensões pelas ruas? Preciso(amos?) de ar novo no rosto e também há tanto pra te ver sério, tanto pra te ver sorrindo, tanto pra ouvir essa voz grossa cantarolando em espanhol, enfim tanto pra tanta coisa.

Não se preocupe com a regra. Já tenho saudades então já tens um espaço aqui só seu.

Eu estou me cuidado, só te peço que faça o mesmo.

Te add no msn, então quando for sumir manda teu paradeiro, até pra eu saber que tudo está bem, que nossas calçadas continuam seguras.

Grande beijo, amigo.

NÃO SUMA.