06 julho 2009

Quase Um Segundo

Permissão...
Você não pediu. Mas ainda assim está parado em minha porta esperando que eu deixe você entrar.
E o que posso dizer quando não há querer nesse dizer?
E quando só resta o querer, o que fazer?
Tantas perguntas, tantos porquês e um Neruda de bolso que me faz acreditar que você realmente trocaria a primavera por um olhar, um sorriso meu, mesmo que de longe.
Mas eu quero perto.
Quero o aqui. O abraço... quero o sorriso, a resposta.
Enquanto isso vou me satisfazendo com o talvez, com a possibilidade de vir a ser ou simplesmente com os caracteres carinhosos de uma mensagem.

Que gosto tem isso?!
A satisfação de estar perto... qual é o sabor que ainda não conheço?!
Conheci a noite de sono perdida que te deixou marcado em mim o dia inteiro e, apesar de exausto, não tenho sono... não quero dormir, não ainda, não enquanto ainda estás em mim, impregnado, agarrado em meus ombros... eu poderia ficar assim por mais tempo se você prometesse não ir embora quando Morpheus chegar.

Você promete?
Jura?
Não, não é preciso... nem gostaria que o fizesse... Me deixa descobrir, me mostra... não, também não quero provas, apenas me deixa descobrir que no amanhã você vai continuar no mesmo lugar, talvez mais perto.

(...)
Hoje arrumei o quarto, revi fotografias, reli trechos de livros que eu mesmo marquei, passeei entre cds e filmes diversos, voltei às fotos, e percebi que faltava algo... um objeto que não se sente com as mãos. Um objeto que não sei bem como distinguir.
Talvez seja uma foto... talvez não.
Um livro de poemas, talvez... provavelmente não.
Uma flor seca no meio de um caderno de anotações pessoais... pouco provável.

Deitei um pouco.
Fechei os olhos, mas não consegui dormir.
Abri-os novamente e enquanto encarava o ventilador de teto inerte no meio do quarto, afastei meus braços como quem procura algo... e achei... finalmente achei.
Era a sua ausência quem estava deitada ao lado.
E finalmente descobri o que faltava... era o teu sorriso no meu travesseiro.
Meu abraço nos teus braços.

Conclusão?!
A culpa é do Neruda... certeza!

4 comentários:

Vâmvú disse...

Que lindo!
Vc comentou que iria fazer um post sobre saudades, mas com outro ponto de vista...
Sem muitas palavras, apenas essas: lindo poema (e sentimento).

Abração

(PS: E o pobre do Neruda que leva a culpa??? rsrs)

Nãnny disse...

Ótimo texto! Todos são seus?!
Existe alguma coisa cuiosa nas entrelinhas desses textos... ainda estou tentando adivinha o que é.

Anônimo disse...
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Anônimo disse...
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