# Terça - feira (fique)

A Passagem de Marc Forster

Não era exatamente o que parecia, nem sei se era realmente ou fingia ser, mas chamou minha atenção. Entrou no carro, bateu a porta como se ninguém se importasse e baixou a cabeça.

Você sempre fazia quando sentia que havia perdido. Mas quem perdeu fui eu. Quem pagou com a distância foram meus pés, não seus olhos. Mesmo assim a noite insistia em durar e me mantêr a seu lado. Por mais que eu te procurasse não adiantava, quem sempre me encontrava era você.

...

Você, eu.

Eu, você.

Nós dois... nada disso é finito. É sempre o mesmo jogo, sempre um espelho duplo, sempre uma parede dura e duas flexíveis. Sempre duas mãos e nunca um beijo.

Sempre o mesmo medo, sempre a insegurança no seu modo de agir.

"Você fará novamente?"

Não há como saber... Cheguei muito tarde? Talvez cedo demais? Por que persistir com o silêncio se quando precisamos dele é sempre um grito que nos acorda de madrugada... e estamos constantemente em camas separadas. Meu travesseiro não conhece o seu cheiro, não sabe do seu peso, mas você está nele o tempo todo. Como e para quê explicar?

"Eu quis querer o que vento não leva pra que o vento só levasse o que eu não quero..."

[ Um pequeno imprevisto - Herbert Viana ]